Especialistas contatados pelo Por Dentro do Coronavírus projetam um grande número de pessoas imunes ao vírus, porém, adotam cautela a partir da incerteza desse tempo de proteção
O primeiro caso de reinfecção pelo novo coronavírus, confirmado no início desta semana por cientistas em Hong Kong, abriu novamente o debate sobre o tempo de duração da imunidade ao vírus e como o desenvolvimento de anticorpos diferentes, e específicos, pode fazer com o que o vírus não aja em determinado organismo.
Entretanto, os especialistas são unânimes em dizer que enquanto não houver uma vacina eficaz, ninguém está livre de contrair a Covid-19, até mesmo as pessoas que já foram infectadas.
“Cura não é garantia de imunidade. As que ficaram imunes, entretanto, que deve ser a maioria, não se sabe exatamente o tempo que duraria essa imunidade. Então, o que se pode concluir é que ninguém está protegido, com certeza absoluta, mesmo tendo adoecido, até que a vacina fique pronta”, explica Estevão Urbano Filho, diretor da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI).
Apesar de ser um cenário possível, a reinfecção tem chance reduzida de ocorrer e pode estar associada ao desenvolvimento de anticorpos específicos. “Acho que é possível, mas é raro, não é uma situação mais comum. Isso mostra que provavelmente existam tipos de anticorpos diferentes na produção de quem teve contato com o vírus. Existem pessoas que vão criar imunidade, não se sabe ainda por quanto tempo, mas que criam imunidade, provavelmente porque tiveram uma qualidade de anticorpos específicos que faz com que o vírus não aja. E outras produziram anticorpos quando foram infectadas que não são suficientes para proteger contra uma reinfecção”, alerta Alexandre Vargas Schwarzbold, presidente da Sociedade Sul-Riograndense de Infectologia.