Ginecologista esclarece que ainda não há relatos de complicações com recém-nascidos, mas faz recomendações.
Recentemente um caso de coronavírus em um recém-nascido, no Reino Unido, trouxe questionamentos sobre a possibilidade de as gestantes serem mais expostas ao contágio. Sobre esse caso, o registro é de que a mãe já havia sido testada positivamente para a nova doença, mas ainda não se sabe se a criança foi contagiada ainda no útero ou após o nascimento.
O ginecologista e especialista em Reprodução Humana Marcos Moura foi entrevistado para esclarecer algumas dúvidas sobre a relação entre esse grupo e o contágio da doença. Ele explica que durante o período gestacional as mulheres ficam mais vulneráveis a contraírem infecções, mas que não há relatos de aumento na gravidade dos sintomas.
“Na gestação a mulher fica propensa a adquirir infecções. Em contrapartida, nos casos registrados e estudados na China de gestantes que contraíram o vírus, não houve uma evolução diferente daquela registrada em outras mulheres, e em homens. Não é possível dizer, nesse momento, que a gestação é um fator impactante para o contágio do vírus” diz o ginecologista.
Sobre os estudos realizados nessas pacientes grávidas na China, o médico também diz que as publicações não informam que houve transmissão da mãe para o feto ainda no período gestacional.
Quanto às recomendações para essas pacientes, Moura ressalta a importância de os cuidados serem semelhantes aos recomendados pelo Ministério da Saúde, priorizando a higiene e evitando aglomerações.
“Para as mulheres grávidas, registro que as recomendações são para que tomem os cuidados iguais aos de outras pessoas. Mantenham-se mais isoladas, lavem as mãos com mais frequência e evitem aglomerações. Embora o vírus não tenha causado problemas obstétricos, como o parto prematuro, é importante seguir essas recomendações” acrescenta.
O médico também relembra que até o momento não há relação direta entre o coronavírus e malformações do recém-nascido, a exemplo do que aconteceu durante o surto de zika vírus no Brasil, onde crianças nasceram com o diagnóstico de microcefalia (uma malformação congênita, em que o cérebro não se desenvolve de maneira adequada).
Por fim, o ginecologista relembra que não há, cientificamente, medicamentos preventivos ao coronavírus. Portanto, as mães não devem fazer automedicação nem deixar de tomar os medicamentos de praxe sem a recomendação do médico de confiança. “É importante lembrar que não existem medicamentos para o coronavírus, e as gestantes não devem cair em fakenews sobre remédios capazes de curar ou impedir o contágio da doença. Manter as visitas regulares, os exames pré-natais e conversar com o médico responsável são as melhores medidas nesse momento” finaliza.